Luz amarela acesa. Assim é possível definir o cenário da indústria automotiva nacional após a divulgação do balanço mensal feito pela Anfavea no começo de março. Em fevereiro, foram produzidos 197 mil veículos, 3,5% a menos do que o mesmo período de 2020 e 1,3% menor do que janeiro deste ano. Desde o início da crise em 2016 o setor não registrava um número baixo para o período. Apesar da queda, o acumulado do bimestre mostra uma leve alta de 0,2% do que o ano anterior.
Ressalta-se que o volume pode ser creditado à suspensão das férias coletivas em janeiro deste ano por parte de várias empresas, como forma de recomposição do “time” logo que algumas fabricas tiveram a produção interrompida por falta de peças, como explica o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes. “Muitas das nossas montadoras trabalharam até durante o Carnaval para tentar recompor os baixos estoques e compensar alguns atrasos e paradas por falta de insumos, mas ainda há muita dificuldade de retomar o ritmo normal de funcionamento das fábricas”.
Leia também – Indústria confirma queda, mas prevê crescimento
Em termos de estoque, as fábricas e as concessionárias viraram o mês com quase 98 mil unidades, quantidade suficiente para 18 dias de vendas, volume considerado baixo comparado aos níveis do período pré pandemia, que chegava a ser de até 40 dias. Soma-se a esse problema, o freio na recuperação no mercado doméstico. Os licenciamentos de 167,4 mil unidades em fevereiro representaram queda de 16,7% sobre o mesmo mês do ano passado, e de 2,2% sobre janeiro deste ano.
O acumulado de 394,5 mil unidades licenciadas no bimestre significa a retração de 14,2%. Em compensação, as exportações no bimestre estão nos mesmos patamares do ano passado, pouco acima de 58 mil unidades. O alento vem do setor de caminhões. A produção de 11,8 mil unidades foi 37,9% maior que em janeiro e 29,3% maior que em fevereiro de 2020.
Já os licenciamentos cresceram 3,2% e 21,4%, respectivamente. No acumulado do ano, os caminhões têm alta de 24,9% na produção, 11,8% nas vendas e 85,9% nas exportações. Parte dos bons resultados é atribuída ao agronegócio e à ampliação da rede de entregas em domicílio, como já observado em 2020.
Crises em sequência
Para Moraes, o desempenho da indústria neste primeiro bimestre não servirá como um balizador do setor para o ano. Entretanto, mostra que o setor está atento ao que acontece no país, com as crises tanto na saúde quanto na economia e causam certa apreensão nas montadoras. “Temos duas crises se agravando. A sanitária, que mais preocupa, e a crise conjuntural, consequência da primeira, que desorganiza a cadeia global ocasionando paradas com intervalo maior nas fábricas.
Todo esse cenário descortina a fragilidade do ambiente de negócios no país. Isso reduz a competitividade, o que não tratado de maneira devida pelas várias esferas do poder público. “Dessa maneira, não dá para fazer previsões para o país diante de um horizonte nebuloso para o planejamento das empresas, e demais setores da economia”, finaliza – Luiz Carlos Moraes.
Para mais informações, clique aqui.