O discurso pode ser considerado de alívio. A queda na indústria automotiva se consolidou em 2020, mas no final das contas os resultados foram animadores quando se leva em consideração as complexidades que o setor enfrentou ao longo do ano. A crise ocasionada pela pandemia do novo coronavírus foi considerada fator preponderante para a diminuição nos licenciamentos, produção e até mesmo nas exportações de veículos.
Em alguns segmentos a queda, que já vinha de anos anteriores, em 2020 se agravou de tal maneira que torna difícil apostar numa recuperação em curto prazo. Com o transporte público altamente afetado pela crise da COVID-19, a redução nos deslocamentos, a falta de arrecadação dos operadores são ingredientes decisivos para postergação na renovação da frota. O setor teve o pior acumulado na produção desde 1999. O mês de dezembro apresentou a menor produção desde 2016.
Ao longo do ano, a Anfavea veio demonstrando a preocupação com a indústria, mas na consolidação dos números, o panorama apresentou sinais que indicam um futuro menos sombrio para as fabricantes de veículos instaladas no Brasil. Entre os automóveis a queda foi de 25,8 % com o licenciamento de 1.846.818 unidades. Para 2021, a instituição prevê o crescimento de 15% deste segmento.
Já entre os veículos pesados, destaque para os caminhões que em 2019, fechou o ano com 103 mil unidades comercializadas e tinha uma previsão de crescimento de 20% para 2020, mas teve o cenário modificado em função da pandemia, da restrição nas fábricas e, também, em função da falta de insumos. Em relação a 2019 houve queda nos licenciamentos de aproximadamente 15% com 85.742 novos caminhões em circulação. Para este ano, a Anfavea estima aumento de 13% no total de caminhões licenciados, o que ultrapassa a casa das 100 mil unidades.
Otimismo, mas com ressalvas
No segmento de ônibus, o drama continua. Em 2019 foram licenciados 20.931 veículos. Já em 2020, esse número caiu para 13.931, volume 33,4% menor. O panorama poderia ter sido ainda pior se não fosse o programa Caminho da Escola, responsável pela produção de boa parte dessas unidades. A Mercedes-Benz liderou as vendas com 6.461 ônibus vendidos enquanto a Volkswagen aparece na segunda posição com 4.246 unidades comercializadas e a Agrale fecha o pódio com 1.614 ônibus negociados.
Apesar das projeções para este ano serem de crescimento, o presidente da Anfavea, Luis Carlos Moraes, ressalta que o setor ainda vê o mercado com muita cautela. A chegada da vacina e a consequente imunização do brasileiro vai demandar tempo o que causa morosidade no aquecimento dos setores produtivos assim como, o aumento da carga tributária que torna o país e as cidades brasileiras menos competitivas.
Neste caso, Moraes se refere ao aumento do ICMS realizado pelo governo do Estado de São Paulo no último dia útil de 2020. “Nunca foi tão difícil projetar os resultados de um ano, pois temos uma neblina à nossa frente desde março, quando começou a pandemia. Isso impede a retomada mais rápida da nossa economia. Some-se a isso a pressão de custos, as necessidades urgentes de reformas e surpresas desagradáveis como o aumento do ICMS paulista, e temos diante de nós um quadro que ainda inspira muita cautela”, finaliza.
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