Marcas acreditam em ano ainda melhor que 2018
Após três anos amargando sucessivas quedas no licenciamento, o mercado de ônibus respirou um pouco mais aliviado ao final de 2018. O crescimento na produção de, aproximadamente, 40% e quase 30% em emplacamentos segundo a ANFAVEA, mostram que o setor ressuscita da mais grave crise econômica que o país atravessou e, para este ano, as perspectivas são otimistas e apontam para a ascensão do segmento. As exportações, que durante o período de sufoco seguraram as finanças das montadoras aumentaram em pouco mais de 5%.
Fatores importantes podem alavancar a comercialização de ônibus no mercado nacional como a melhoria do cenário econômico que impacta de maneira relevante na confiança em investimentos de renovação de frota e a maior disponibilidade de crédito. A necessidade de manutenção da idade média da frota de ônibus rodoviários, assim como as recomposições tarifárias em várias cidades impulsionam a renovação de ônibus urbanos caracterizam este novo ciclo de perspectiva positiva entre os fabricantes.
Especialistas do segmento também acreditam que o pior momento já foi superado e que o país apresenta um cenário promissor para este ano. O presidente da Volvo Bus Latin America, Fabiano Todeschini é um dos que apostam no mercado mais aquecido em 2019. “Estamos vendo sinais positivos de continuidade de recuperação no mercado. Os contratos de transporte devem recuperar equilíbrio financeiro. Isso traz mais previsibilidade aos frotistas e deve fomentar renovações. Prevemos crescimento do mercado total de ônibus em 20%.”
Mercedes líder
No segmento de carrocerias, houve alta também na produção e na expectativa e de um ano positivo para a indústria. Entretanto, muitos fatores contribuem para o comportamento do mercado o que torna arriscado apontar prognósticos de crescimento, tendo em vista que as empresas brasileiras também têm participação significativa da comercialização de ônibus para o exterior, como cita Rodrigo Pikussa, diretor do Negócio Ônibus da Marcopolo. “É difícil prever. A Marcopolo está trabalhando para ampliar sua produção. No Brasil, a renovação de frota dos ônibus rodoviários, dos urbanos, do segmento de fretamento e as licitações de veículos escolares devem fazer o mercado nacional crescer ainda mais, superar os volumes de 2018 e caminhar rumo aos patamares do período entre 2011 e 2013”.
Atuante no segmento de micro-ônibus, a Neobus, que teve crescimento de 34% em vendas para governos, aposta em três fatores para continuar com volume de vendas elevados como diz João Paulo Ledur, diretor de Vendas da marca. “Estamos atentos às licitações do Governo Federal para veículos escolares, as exportações de micro-ônibus e as vendas no mercado interno para o segmento urbano”.
Entre as montadoras, o destaque fica com a Mercedes Benz, que lidera o mercado geral em vendas, e mantém a mesma posição quando se analisam os nichos que o segmento apresenta. A empresa teve 7458 unidades emplacadas em 2018, o que representa aumento de 24% em relação ao ano anterior. Quanto a participação de mercado, a Mercedes-Benz fechou 2018 com 51% das vendas sendo 80% de urbanos e 55% de ônibus rodoviários.
Projetos de BRT retornam a pauta
Após o “boom” ocorrido em meados da década, finalmente, o segmento de ônibus para corredores deve voltar a movimentar a indústria. A Scania anunciou a venda de ônibus biarticulados para a cidade de Curitiba enquanto a Volvo espera atender outras demandas no Brasil e na América latina. Recentes foram as negociações com o sistema Transmilênio, em Bogotá assim como para a renovação de frota em Santiago. Por aqui, devem haver mais movimentações como aposta Todeschini. “As parcerias público-privadas têm sido muito citadas pelo novo governo e podem decolar como alternativa saudável para os transportes públicos, especialmente em BRTs” – finaliza.