Conter os efeitos dos recentes reajustes do óleo diesel nos custos do transporte público. Esse é o intuito da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) e, para isso, apoia a imediata redução do percentual de biodiesel na mistura com o óleo diesel comercializado no Brasil, conforme proposta na Nota Técnica elaborada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
A nota, divulgada no início do mês, a CNT propõe a redução de 50% ou mais do biodiesel na composição do combustível, para alívio imediato no preço do diesel, podendo zerar o nível do insumo por tempo limitado.
Atualmente o diesel comercializado no Brasil tem 13% de biodiesel em sua composição. Essa porcentagem destoa dos níveis praticados em outros países. No Japão, o biodiesel representa 5% do insumo, enquanto na Comunidade Europeia, o volume é de 7%. No Canadá, adota-se quantidades ainda menores, sendo de 2% a 4% na mistura.
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O documento ainda aponta as desvantagens do uso excessivo do biodiesel pela frota brasileira, como, o comprometimento da mecânica e do desempenho dos veículos, em especial os mais antigos, podendo causar danos nos tanques de armazenamento e componentes automotivos.
Segundo a Nota Técnica, a redução do nível de biodiesel não eleva a emissão de gases poluentes. Pelo contrário, esclarece que o Brasil está adequado à fase P8 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), que orienta níveis de 6% a 7% de biodiesel puro (B100) na mistura. Também cita estudos recentes segundo os quais níveis excessivos de biocombustível no diesel comercial podem elevar os níveis de emissão de dióxido de nitrogênio, poluente danoso à saúde e ao meio ambiente.
Prioridade ao transporte individual
A NTU esclarece ainda que, além dessa medida, o setor aponta outras alternativas para minimizar os impactos da alta do diesel. A NTU já reiterou a necessidade de implantação de soluções definitivas para o preço do diesel que passam pela reformulação da estrutura tributária incidente sobre o produto e adoção de políticas de preços especiais para setores essenciais como o de transporte público, por meio de subsídios aprovados pelo Congresso Nacional.
Em levantamento recente, a NTU destaca que, de 1999 a 2020, os aumentos do diesel geraram uma variação de 511,12% nos custos desse insumo, que tem impacto de 23% nos custos do setor. No mesmo período, os reajustes acumulados da gasolina impactaram em 308,7% o preço do litro, ou seja, 40% menor se comparado ao diesel. Isso, acabou favorecendo o advento do transporte individual, movido à gasolina, em detrimento dos modais coletivos.
Ainda de acordo com a NTU, somente os sucessivos reajustes no preço do diesel nas distribuidoras registrados nos últimos 12 meses, se aplicados às tarifas de ônibus, podem gerar uma correção de 4,1% no valor médio da passagem de ônibus no Brasil, o equivalente a mais 16 centavos.
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