O carioca amanheceu neste primeiro dia de fevereiro com uma surpresa nada agradável. A paralisação do sistema BRT. Os ônibus não saíram das garagens e as estações estão fechadas deixando milhares de passageiros sem a possibilidade de deslocamento neste início de mês. De acordo com o consórcio BRT, a paralisação do serviço acontece pelo fato de não ter recursos para pagamento da segunda parcela do salário de janeiro dos quase 2 mil funcionários que trabalham no sistema.
Outro motivo alegado pela concessionária é a falta de recursos para manutenção da frota circulante que hoje conta com aproximadamente, 300 ônibus, assim como para compra de combustível, que, como se sabe é o segundo maior custo para os operadores ficando atrás somente da folha de pagamento.
A crise do BRT não é novidade e, ao longo do ano de 2020, foi agravada pela pandemia do novo coronavírus. Estima-se que as perdas de receita aferidas entre os meses de março até janeiro de 2021 somam mais de 200 milhões de reais. A demanda de passageiros registrada ao longo do período teve picos de queda de 75% e, hoje, gira em torno de 45% do total de viajantes que utilizavam o sistema antes da Covid 19.
No momento, o sistema BRT do Rio de Janeiro é constituído pelos corredores Transoeste, Transcarioca e Transolímpica, e totalizam mais de 100 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus, que ficaram totalmente sem investimentos ao longo dos últimos quatro anos. Com a pandemia a situação ficou ainda pior. O BRT carioca tem 134 estações sendo que, 48 dessas estão fechadas por falta de segurança. O sistema é responsável pelo transporte de 170 mil pessoas por dia. Antes da pandemia, o número de passageiros transportados era de aproximadamente 350 mil.
O colapso nos sistemas de transportes de passageiros é algo anunciado há algum tempo pela NTU – Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos. A queda na demanda, a falta de revisão de contratos e a não flexibilização dos serviços são alguns dos motivos apontados. Este ano, os efeitos da pandemia da Covid-19 agravaram a ainda mais a situação. A expectativa do empresariado era a aprovação do auxílio emergencial para os sistemas de transporte, e após votação na Câmara e no Senado com aceitação de ambas as casas, houve o veto do presidente Jair Bolsonaro. Ou seja, não demorou muito para se instalar o caos.
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Fotos – Jorge dos Santos