Enquanto o país discute a mudança da matriz energética relacionada a mobilidade, o gás natural vai aos poucos ganhando espaço no mercado. Verdade que ainda é um segmento pequeno quando comparado ao diesel, mas a cada dia atrai a atenção de novos frotistas. Um sinal desse movimento é o fato de a Scania anunciar a venda do 50° caminhão movido a gás no Brasil desde o início das encomendas anunciado há um ano durante a FENATRAN.
Se valermos das projeções da Anfavea que prevê a venda de pouco mais de 80 mil caminhões este ano, o número de veículos pesados movidos a gás comercializados pode parecer pequeno, mas alicerçado pelo bom desempenho do produto e, associado às necessidades das empresas em atender metas ambientais, e o investimentos das distribuidoras na rede de gás, a tendência é que o volume de vendas ganhe escala em médio prazo.
Os 50 caminhões foram comercializados para transportadoras que atendem a embarcadores de diferentes indústrias, desde cosméticos a alimentos, como L’Oréal, PepsiCo, Unilever e Carrefour. “Os embarcadores demandam essa alternativa ao diesel têm compromissos públicos com a sustentabilidade e o transportador sai na frente ao oferecer soluções que correspondam a esta expectativa”, diz Roberto Barral, vice-presidente das Operações Comerciais da Scania no Brasil.
De acordo com a Scania, a pandemia da Covid-19 acelera a busca por sustentabilidade em diversos setores da economia em âmbito mundial e o no Brasil o panorama não é diferente. Tal situação trouxe impactos para o setor de transporte, cujo modal rodoviário responde por grande parte da cadeia de valor das empresas que desenvolvem ações de sustentabilidade em busca da chamada recuperação verde.
Entre os transportadores, as opiniões sobre os caminhões são positivas e demonstram confiança sobre o produto e seu desempenho como mostra Renan Loureiro, gerente Nacional de Transportes da L´Oreal. “Começamos a rodar com esses veículos em junho e julho deste ano em uma rota importante da nossa operação que é a Rio x São Paulo, que representa 30% da nossa intensidade em transportes. Contamos com a participação de parceiros e, inicialmente, tínhamos de saber como os veículos iriam performar e como seria a logística de abastecimento e estamos acompanhando o desempenho dos veículos. Até então os resultados têm sido positivos e estamos felizes por colher os resultados esperados”.
Também otimista com relação aos caminhões escolhidos está Gustavo Maroni, diretor operacional na TransMaroni Transportes que mantém a parceria da empresa com a marca e aposta agora nos caminhões movidos a gás. “A Scania é o nosso maior parceiro no transporte. Já entrega um caminhão que consome menos combustível e isso, por si só, o torna mais sustentável. Agora, trouxe o modelo a gás. Investimos nesta compra porque acreditamos no futuro e é uma forma de integrarmos essa onda verde”.
Confiança no produto. Melhorias no abastecimento
Os resultados operacionais dos caminhões movidos a gás parecem realmente chamar a atenção dos transportadores que já planejam aumentar o número de caminhões a gás na frota, como é o caso de Rodrigo Navarro, da RN Express. “Já compramos sete caminhões e temos projetos com outros embarcadores como a Nestlê para ultrapassar os 15 veículos além de outros grandes clientes, que por questão de confidencialidade ainda não dá para divulgar. Temos a intenção de aumentar esse número de veículos no início do próximo ano”.
Mas, se do ponto de vista do produto, os resultados agradam, a rede de abastecimento ainda é motivo de atenção por parte dos transportadores que ainda se ressentem de uma estrutura dedicada aos veículos pesados. Atualmente, a rede de postos aptas a oferecer o gás ainda conta com equipamentos para o abastecimento dos veículos leves, o que aumenta o tempo do caminhão parado nos postos. Esse foi um ponto salientados pelos transportadores que estão em sinergia com os distribuidores quanto com a Scania para, de maneira integrada começarem a construir uma rede dedicada aos caminhões.
Procurada pela redação do Agentes da Mobilidade, a Abegás – Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado, informa que a rede de abastecimento de GNV já conta com mais de 1.500 postos. “No entanto, para abastecer veículos pesados é necessário que estes postos façam as modificações necessárias e que as distribuidoras já estão trabalhando para atender esta nova demanda que cresce a cada dia e que, é importante as transportadoras que estão adquirindo veículos pesados a GNV contatem as distribuidoras, de maneira que possamos atuar em conjunto para o desenvolvimento desse mercado”.
Silvio Munhoz, diretor de Vendas de Soluções da Scania no Brasil, compactua com premissa do trabalho em conjunto entre a indústria, os transportadores e os distribuidores do gás, mas imagina que o ritmo poderia estar mais acelerado. “O objetivo é mostrar para os distribuidores de gás e os fabricantes dos equipamentos para abastecimento de veículos pesados que o interesse começa a surgir mais forte, na adoção da solução a gás e a necessidade da criação de uma rede estratégica para abastecimento de veículos pesados. Esse trabalho que a gente vem fazendo há dois anos, ainda conta com baixa adesão eu diria, pois temos visto pouca ação real na implementação de pontos adequados para o abastecimento dos pesados” – finaliza.
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