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Transporte público e os casos de covid-19

Um estudo encomendado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos – NTU mostra que não há relação entre o transporte público e o aumento dos casos de covid-19. Desenvolvido em mais de 150 cidades, o estudo considerou 325 milhões de viagens, o equivalente a 13 milhões de deslocamentos por dia, representando 32% das viagens realizadas em território nacional. A amostragem foi realizada em 17 semanas da epidemia.

O levantamento teve como base a variação da demanda por viagens, e os dados do Sistema Único de Saúde durante os dias 29 de março a 25 de julho de 2020. Os dados do SUS foram agregados em semanas epidemiológicas para que fossem estabelecidos os mesmos referenciais às demandas de viagens realizadas por passageiros no transporte público por ônibus.

Nesse período, não foram encontradas evidências de que o aumento do número de passageiros transportados levou a um aumento da incidência de casos confirmados de Covid-19. Alguns municípios inclusive, mostraram que o aumento da demanda por transporte coincidiu com a redução do número de casos confirmados, enquanto em outras a redução do número de passageiros do transporte coletivo aconteceu simultaneamente com o aumento dos registros.

transporte público - covid 19

A cidade de Curitiba foi uma das monitoradas no estudo

Para o presidente da NTU, Otávio Cunha, alerta que o setor vem reforçando junto aos associados, uma série de medidas de modo a aumentar os cuidados para evitar a contaminação nos sistemas e proporcionar uma atividade segura para os passageiros. “Hoje conhecemos melhor os fatores relacionados à disseminação e as medidas que devem ser tomadas para a minimização destes riscos à população. Queremos preservar a saúde de passageiros e colaboradores, além de garantir o acesso ao transporte público, atividade essencial à economia e à vida de milhares de brasileiros que dependem desse serviço para sua locomoção”.

Otávio lamenta que o transporte público tenha sido apontado como foco possível de disseminação do coronavírus, e atribui à desinformação sobre as principais formas de contaminação uma parcela da queda no uso dos sistemas de transportes. “Criou-se um senso comum de que o uso do transporte coletivo expõe ao maior risco de contágio e isso tem assustado as pessoas, influído no funcionamento do sistema de mobilidade urbana das cidades e prejudicado a realização de atividades essenciais” – avalia.

Conclusões que podem ser tiradas dessa importante amostragem é que, é necessário reforçar os cuidados com os operadores, com a higienização dos veículos, inclusive no horário de entre pico, mantê-los arejados, verificar a temperatura corporal dos motoristas, cobradores e demais trabalhadores dos sistema, assim como fazer o uso de máscaras no interior dos ônibus e  prover os usuários de informações sobre as formas de contaminação visando ofertar um serviço seguro e confiável para trabalhadores e passageiros.

A metodologia do estudo

O estudo analisou sistemas de transportes de cidades com grande adensamento: Belém; Belo Horizonte; Curitiba; Curitiba; Fortaleza; Goiânia; Macapá; Natal; Porto Alegre; Recife; Rio de Janeiro (municipal); Rio de Janeiro; Vitória e Teresina. Juntos, esses sistemas de transporte possuem alta representatividade no cenário nacional sendo responsáveis pela realização de mais de 300 milhões de viagens de passageiros por mês, em todos os 2.901 municípios brasileiros atendidos por sistemas organizados de transporte público por ônibus.

A análise foi realizada comparando-se os casos confirmados de Covid-19, após a observância de sete dias após a demanda transportada, considerando que, em caso de contaminação do passageiro durante a viagem, este seria o prazo médio entre a eventual infecção e a detecção da contaminação por testes. Não foi observada associação entre o número de passageiros transportados por ônibus e o aumento do número de casos.

Entre os exemplos, uma curiosidade pode ser notada no sistema de transporte público de Teresina, capital do Piauí, onde a quantidade de viagens realizadas nos ônibus sofreu forte queda nas primeiras semanas da pandemia. No período, observou-se aumento progressivo dos casos confirmados de Covid-19, sendo que, entre os dias 15 de maio a 6 de julho, houve greve dos rodoviários, com paralisação total da frota. Mesmo sem transporte público verificou-se o crescimento dos casos confirmados da doença. A normalização dos serviços de transporte coletivo ocorrida posteriormente, coincidiu com a redução da incidência da Covid-19.

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